terça-feira, 29 de setembro de 2015

"QUANDO EU MORRER NÃO QUERO IR PRO CÉU, QUERO IR PRO SEBO"



Ruy Castro fez a palestra de abertura do Livro Aberto, no último dia 28, para uma plateia lotada. Entre os temas do bate-papo, com a presença de jovens e adultos, a paixão pelos livros e pelo Rio de Janeiro, além do processo de escrever biografias. O autor ainda assistiu a alguns trabalhos feitos em homenagem a ele por alunos do 9o ano do Ensino Fundamental 2.

Confira aqui algumas frases da palestra do escritor:

"Assisti ao meu segundo parto aos 5 anos, quando minha mãe leu para mim uma crônica de Nelson Rodrigues publicada em um jornal. Percebi que queria viver das palavras"

"Com 13, 14 anos eu já tinha uns 200 livros"

"Quando eu morrer, não quero ir pro céu. Quero ir pro sebo"

"Resgatei quase todos meus livros de criança. Fui comprando os mesmos títulos aos poucos, em sebos. Mandei vir a estante da casa da minha mãe onde eles ficavam"

"Outro dia desses fizeram uma contagem dos meus livros, em metragem cúbica. Tenho 20 mil. É muito bom viver cercado por eles"

"Não vejo livros em sebo como 'coisa velha'. Encaro como objetos que foram um dia muito amados e que, na estante do sebo, ganha a chance de uma sobrevida"

"Passei a vida inteira estudando o Rio de Janeiro. Talvez seja até uma maneira de retribuir tudo o que sou. Tudo o que sou, devo ao Rio"

"Na minha infância passeei pela Lapa, no Flamengo, Rocha Miranda, Cascadura e Leblon. Tinha família em todos estes bairros"

"A grande história do Brasil se passa no Rio. Por mais que a gente tenha destruído o Rio, ainda sobrou e sobra tanta coisa..."

"No Rio você dobra uma esquina e vê 200 anos de história"

"Quando escrevo uma biografia, converso antes com pelo menos 200 pessoas que conviveram com o meu biografado. A graça da biografia é descobrir o que ninguém lê"

"Gostei dos trabalhos dos alunos da EDEM sobre os meus livros: achei muito bem resumidos, dinâmicos e com ritmo. Inacreditável o que eles fizeram. Ainda bem que no meu tempo não tinha isso, senão eu estaria enfiado numa sala de computador direto"

"Às vezes me chamam de doutor. Não gosto... Mas quando me chamam de professor, eu gosto muito. Porque o professor faz a coisa mais importante do mundo, que é ensinar. A segunda coisa mais deliciosa do mundo é aprender."

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